quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Descrevo-me, ué


Nos últimos dias eu sinto vontade de ficar só. Apesar de ser bem estranho, me sinto bem com isso de "solidão". Na verdade eu acho até que funciono melhor assim. Tenho passado muito tempo sozinho, mesmo estando quase sempre cercado de companhias. Algumas pessoas ficariam com um pouco de pena de ver alguém falar que se sente sozinha, e ainda mais, que sente isso progredir para um grande espaço em branco. O que deveria ser um local com muitas cores, hoje desbota como alvejante em belos vestidos. Às vezes sinto com se tivesse enlouquecido, de pouquinho em pouquinho fui perdendo minha lucidez, se é que um dia existiu. E parece que acompanhando a lucidez foi a minha vontade de querer outras pessoas, essas duas foram de mãos dadas e prometeram nunca mais voltar. Você que lê isso e entende, acha que devo ser um fraco, que por medo, não deixo mais ninguém brincar com minhas projeções do futuro. Mas não, pelo contrario deu um pouco de trabalho até me acostumar com essa parte de que sozinho tudo seria melhor, não que necessariamente fosse mais fácil, até que algumas coisas são, mas o que não é se torna duas vezes mais complicado. E dessa complicação deve ter surgido essa loucura, a saturação de forças que um dia lutei para tornar reais, não tiveram o mínimo sucesso.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

E se


Nunca a frase "Não sei se caso ou compro uma bicicleta" me fez tanto sentido como agora. Por muito tempo, ela soou muito estranha ou um pouco engraçada, como pode duas coisas tão distintas ocupar única vontade? Hoje vejo menos graça do que verdade na sentença. A questão é a seguinte: e aí o que a gente faz com a nossa vida? Vai atrás de um amor? Tenta ficar rico? Vira hippie? Desiste de achar um amor verdadeiro? Faz uma revolução? Viaja quilômetros para olhar no olho de certo alguém, nem que seja por um segundo? Afinal, somos contra ou a favor? As possibilidades estão ao seu alcance, e no fim das contas, você que é o responsável pelo peso que elas vão receber na sua humilde e tediosa vida. Aposto que para um campeão de ciclismo casar ou comprar uma bicicleta estão no mesmo patamar de desejos, mas soa bem diferente pra mim e pra você. As preferências são intimas e se tornam um dilema pra você. Até uns dias você fazia inglês, ia à escola, passava natal na casa da vovó, comia o que te serviam no almoço sem reclamar. Ta bem vai você também pode pintar o cabelo de verde e virar punk, mas duvido que consiga resolver e tomar decisões rápidas, aí chega o problema: quando vemos a vida aberta a nossa frente, ficamos totalmente perdidos e perguntamos, e agora? Você tem vontade de procurar um guia espiritual, alguém que te diga o que comer, o que fazer, quem é seu amigo ou inimigo. Mas quantas vidas são jogadas fora assim? Quanta gente entra numa bula de regras estapafúrdias como "entregue seu sangue em amor a sua pátria","não coma carne de porco", "ame os brancos e odeie os negros". Essas pessoas baby, encontram o conforto na vida com certeza, mas cantam no coro dos contentes alienados. Eu não quero a certeza. MENTIRA. Eu quero a certeza, mas como saber se a certeza que encontrarei à minha frente é certa? E se for aquela outra? Esse é o problema: quem ama realmente a certeza tem que se contentar em viver na duvida, numa busca eterna, sempre perguntando, mas e se?

KS

terça-feira, 1 de março de 2011

Bom Dia


Não sei se daqui de cima consigo enxergar direito as cores. Luzes, luzes e mais luzes, todas chamam minha atenção, o que eu mais prefiro nelas é o saborear de cada tom. Em mínimas variações mudo totalemte o contexto, gosto e cheiro. Não importa quem você é, não importa onde você está indo com sua vida, assim como uma simples variação de cores pode mudar o gosto de tudo, um simples momento de contradição poderia trazer a maior felicidade em minha vida, tornar vivo algum sangue que cisma em não secar. Tudo parece bem menor que já é, pois uso de minhas vontades para ousar ao ser surpreendido.

domingo, 2 de janeiro de 2011



Vou-me embora pra Passárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Passárgada

Vou-me embora pra Passárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Passárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Passárgada



Manoel Bandeira