segunda-feira, 18 de abril de 2011

E se


Nunca a frase "Não sei se caso ou compro uma bicicleta" me fez tanto sentido como agora. Por muito tempo, ela soou muito estranha ou um pouco engraçada, como pode duas coisas tão distintas ocupar única vontade? Hoje vejo menos graça do que verdade na sentença. A questão é a seguinte: e aí o que a gente faz com a nossa vida? Vai atrás de um amor? Tenta ficar rico? Vira hippie? Desiste de achar um amor verdadeiro? Faz uma revolução? Viaja quilômetros para olhar no olho de certo alguém, nem que seja por um segundo? Afinal, somos contra ou a favor? As possibilidades estão ao seu alcance, e no fim das contas, você que é o responsável pelo peso que elas vão receber na sua humilde e tediosa vida. Aposto que para um campeão de ciclismo casar ou comprar uma bicicleta estão no mesmo patamar de desejos, mas soa bem diferente pra mim e pra você. As preferências são intimas e se tornam um dilema pra você. Até uns dias você fazia inglês, ia à escola, passava natal na casa da vovó, comia o que te serviam no almoço sem reclamar. Ta bem vai você também pode pintar o cabelo de verde e virar punk, mas duvido que consiga resolver e tomar decisões rápidas, aí chega o problema: quando vemos a vida aberta a nossa frente, ficamos totalmente perdidos e perguntamos, e agora? Você tem vontade de procurar um guia espiritual, alguém que te diga o que comer, o que fazer, quem é seu amigo ou inimigo. Mas quantas vidas são jogadas fora assim? Quanta gente entra numa bula de regras estapafúrdias como "entregue seu sangue em amor a sua pátria","não coma carne de porco", "ame os brancos e odeie os negros". Essas pessoas baby, encontram o conforto na vida com certeza, mas cantam no coro dos contentes alienados. Eu não quero a certeza. MENTIRA. Eu quero a certeza, mas como saber se a certeza que encontrarei à minha frente é certa? E se for aquela outra? Esse é o problema: quem ama realmente a certeza tem que se contentar em viver na duvida, numa busca eterna, sempre perguntando, mas e se?

KS

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